A indústria calçadista brasileira enfrenta desafios em 2024, como a concorrência asiática e a queda nas exportações, que agora estão abaixo de 100 milhões de pares. Apesar de uma projeção de produção de até 893 milhões de pares, o crescimento é estimado em apenas 3%. O aumento das apostas online tem desviado recursos dos consumidores, e o governo implementou tarifas antidumping para proteger o mercado interno, mas a falta de mão de obra qualificada continua a ser um obstáculo. A indústria precisa se adaptar para revitalizar o consumo e fortalecer sua presença internacional.
A indústria calçadista enfrenta desafios significativos em 2024, como a concorrência asiática e o impacto das apostas online.
Desafios do Setor em 2024
Os desafios do setor calçadista em 2024 são variados e complexos, refletindo uma combinação de fatores econômicos e sociais. Durante a coletiva da BFShow, os empresários destacaram que, apesar de alguns números positivos, o crescimento da indústria ficou abaixo das expectativas. A projeção da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) indica que a produção deve ficar entre 882 e 893 milhões de pares, um crescimento próximo de apenas 3% em comparação ao ano anterior.
Além disso, a falta de mão de obra qualificada é um gargalo significativo. Até setembro de 2024, o setor empregava cerca de 295 mil pessoas, um aumento de 15 mil em relação a 2023, mas ainda insuficiente para atender às demandas da indústria. Essa escassez de trabalhadores qualificados pode comprometer a produtividade e a capacidade de inovação das empresas.
Outro ponto crítico é a crescente concorrência do mercado asiático. Com a importação de calçados aumentando, cerca de 30 milhões de pares foram trazidos ao Brasil até outubro, a maior parte proveniente de países como China, Vietnã e Indonésia. Para proteger o mercado interno, o governo implementou medidas como taxas de importação e tarifas antidumping, mas essas ações têm se mostrado limitadas e direcionadas apenas a produtos chineses.
Por fim, o consumo está estagnado, e muitos empresários acreditam que fatores como a popularização das apostas online, conhecidas como bets, estão desviando recursos que antes seriam gastos em calçados. Esse cenário exige que a indústria se adapte rapidamente, buscando inovação e estratégias que possam revitalizar o mercado e atrair consumidores de volta às lojas.
Impacto das Apostas Online

O impacto das apostas online na indústria calçadista tem sido um tema de crescente preocupação entre os empresários do setor. Durante a coletiva da BFShow, Roberto Argenta, presidente da Calçados Beira Rio, expressou sua preocupação com a popularização das bets, que têm desviado a atenção e o dinheiro dos consumidores das lojas de calçados.
Ele afirmou que muitos consumidores, endividados, acabam se iludindo com a ideia de que as apostas podem resolver seus problemas financeiros. “As pessoas se iludem: ‘estou endividado com conta de luz, com isso e aquilo, vou jogar’. Pode ser que acerte e resolva a vida, mas afunda mais ainda”, destacou Argenta. Essa mentalidade, segundo ele, tem gerado um impacto negativo nas vendas, tornando o cenário ainda mais desafiador para a indústria.
Além disso, Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados, reforçou que as apostas online prejudicam o consumo nacional de produtos gerados pela indústria calçadista. Ele acredita que a legislação precisa ser adequada para lidar com essa situação, pois, do jeito que está, as bets estão afetando a economia nacional de maneira significativa.
Com a previsão de que o consumo aparente em 2024 seja de mais de 850 milhões de pares comercializados, entre vendas e exportações, a indústria precisa urgentemente encontrar formas de reverter essa tendência. A relação entre o aumento das apostas online e a diminuição do consumo em lojas de calçados é um sinal claro de que a indústria deve se adaptar a novas realidades de mercado.
Concorrência Asiática e Exportações
A concorrência asiática tem se tornado um dos principais desafios enfrentados pela indústria calçadista brasileira. Com a importação de calçados aumentando, o Brasil viu cerca de 30 milhões de pares chegarem ao país até outubro de 2024, com a maior parte desse volume proveniente de países como China, Vietnã e Indonésia.
De acordo com dados da Abicalçados, a situação se agrava com a queda nas exportações. Em 2023, o Brasil exportou pouco mais de 118 milhões de pares, e as projeções para 2024 indicam que o número pode cair para menos de 100 milhões, mesmo no cenário mais otimista. Essa tendência é alarmante, pois no passado, as exportações representavam quase 20% da produção brasileira.
Os empresários do setor, como Roberto Argenta e Pedro Bartelle, presidentes da Calçados Beira Rio e da Vulcabras, respectivamente, afirmam que a indústria precisa urgentemente de incentivos para aumentar sua competitividade no mercado internacional. Bartelle destaca que o produto asiático compete de forma desleal no Brasil, especialmente em momentos de crise nas economias mais desenvolvidas, quando excedentes de produção são direcionados para países emergentes como o Brasil.
Para proteger o mercado interno, o governo brasileiro tem implementado uma série de medidas, como taxas de importação e tarifas antidumping, que visam limitar a concorrência desleal. No entanto, essas medidas têm sido direcionadas principalmente para produtos chineses, e há discussões sobre a necessidade de ampliar essas proteções para outros países, como o Vietnã, que já representa uma parcela significativa das importações.
Com o cenário atual, é essencial que a indústria calçadista busque formas de revitalizar suas exportações e fortalecer sua presença no mercado internacional, garantindo assim um futuro mais promissor para o setor.
Conclusão
Em 2024, a indústria calçadista brasileira enfrenta uma série de desafios que exigem atenção e ação imediata.
A combinação da concorrência asiática, a queda nas exportações e o impacto das bets no consumo têm colocado pressão sobre um setor que já lida com a falta de mão de obra qualificada.
Apesar de algumas projeções de crescimento, a realidade é que o mercado está estagnado, e as empresas precisam se adaptar rapidamente.
Investir em estratégias que possam revitalizar o consumo interno e fortalecer as exportações é crucial.
Além disso, a indústria deve buscar apoio governamental para implementar medidas que garantam uma competição justa, permitindo que os produtos brasileiros recuperem seu espaço tanto no mercado interno quanto no externo.
Por fim, a conscientização sobre os efeitos das apostas online e a necessidade de uma legislação adequada são fundamentais para proteger a economia nacional e garantir que a indústria calçadista possa prosperar em um ambiente cada vez mais desafiador.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre a Indústria Calçadista em 2024
Quais são os principais desafios da indústria calçadista em 2024?
Os principais desafios incluem a concorrência asiática, a queda nas exportações e o impacto das apostas online no consumo.
Como as apostas online afetam o consumo na indústria calçadista?
As apostas online desviam recursos dos consumidores, que poderiam ser gastos em calçados, impactando negativamente as vendas.
Qual é a projeção de produção da indústria calçadista para 2024?
A projeção é que a produção fique entre 882 e 893 milhões de pares, com um crescimento de cerca de 3% em relação ao ano anterior.
O que está sendo feito para proteger o mercado interno da concorrência asiática?
O governo implementou medidas como taxas de importação e tarifas antidumping para limitar a concorrência desleal, principalmente de produtos chineses.
Qual é a situação das exportações de calçados brasileiros?
As exportações têm caído progressivamente, com uma projeção de menos de 100 milhões de pares exportados em 2024.
Como a falta de mão de obra qualificada impacta a indústria calçadista?
A falta de mão de obra qualificada limita a produtividade e a capacidade de inovação das empresas, dificultando o crescimento do setor.


